Recanto de Alberto Valença Lima
A mente que se abre a uma nova idéia, jamais voltará ao seu tamanho original. (Albert Einstein)
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Textos
O velho professor
Hoje, em homenagem ao Dia do Professor, quero compartilhar com todos que aqui me visitam, um texto muito bonito sobre este, que é, o símbolo da sabedoria - O Professor.


De autoria de Renê Barreto

"Andava muito doente o velho professor...
Por isso, ele não tinha agora o mesmo ardor,
que outrora o possuía e que o animava dantes.
Às vezes, quando em aula, havia mesmo instantes
em que inclinava a fronte (aquela fronte austera
onde já desbotara a flor da primavera)
e cochilava um pouco, involuntariamente.
O velho professor andava muito doente.

Era, porém, tamanho o bem que nos queria
Que jamais quis pedir aposentadoria
e manter-se do Estado, à custa dessa esmola.
Era sempre o primeiro a aparecer, na escola,
com joviais maneiras, tão simpáticas,
não obstante sentir umas dores tão reumáticas
que o faziam sofrer, ultimamente.
O velho professor andava muito doente...

Um dia ele chegou mais tarde, alguns momentos.
Trazia nas feições sinais de sofrimentos...
A palidez do rosto, os olhos encovados
denunciavam seus pesares ignorados.
E, como para tomar a dor mais manifesta.
cavara-se-lhe fundo uma ruga na testa.
Franzia-lhe o rosto uma expressão de dor.
Andava muito doente o velho professor.

A aula começou. Mas, pouco depois das onze,
o velho mestre, o bom trabalhador de bronze,
(que já perto de trinta anos ou mais, havia
que – gigantesco herói – lutava dia a dia,
para a glória da pátria e para o bem da infância,
dando batalha ao vício e combate à ignorância.)
sentindo de uma dor os agudos abrolhos,
curvou as nobres cãs, cerrou de leve os olhos.

Fora, fulgia o sol. A manhã era calma.
Sorrindo, a natureza abria a sua alma
repleta de alegrias e cheia de esplendores.
Pela janela aberta, entrava o hálito das flores;
em toda a atmosfera azul lavada, fina,
ressoava baixinho, assim como em surdina,
um canto celestial, harmonioso e suave,
anjos tocando, em harpa, alguma canção de ave.

Nisto ergueu-se um aluno, um pândego, um peralta,
fabricou de um jornal um chapéu de copa alta.
e bem devagarinho (oh! que ideia travessa)
chegou-se ao mestre... zás! enfiou-lhe na cabeça.
E rápido se foi de novo ao seu lugar.
O mestre nem abriu o sonolento olhar.
E àquele aspecto vil de truão, de improviso,
rebentou pela aula estardalhante riso.

De súbito, surgiu o diretor, na sala...
Demudou-se-lhe o gesto, estremeceu a fala.
quando ele, transformando a sua mansidão de boi
em fúria de leão, nos perguntou: “Quem foi?”
“Quem foi esse vilão que fez tal brejeirice,
“sem respeito algum às cãs desta velhice?
“Vamos lá! Sede leais, verdadeiros e francos.
“dizei: quem ofendeu estes cabelos brancos?”

Mas ninguém denunciou da brincadeira o autor!
Como um truão dormia o velho professor!
O diretor, então, chegou-se junto à mesa...
Via-se-lhe no rosto, o incômodo, a surpresa,
de que o sono do mestre assim se prolongasse.
Curvou-se meigamente e levantou-se a face.
Mas recuou tremendo, aterrado, absorto,
aniquilado e mudo... O Mestre estava morto."


Nota:
Este poema foi declamado por mim no colégio quando eu tinha cerca de 8 a 10 anos, numa festa dos professores. Lembro que fui muito aplaudido. O poema foi todo memorizado e interpretado na apresentação. Foi tão marcante isso na minha vida, que ainda hoje, quase 60 anos depois, ainda recordo muitas das estrofes. Homenagem que presto aos professores em seu dia.
Renê Barreto
Enviado por Alberto Valença Lima em 15/10/2018
Alterado em 27/11/2019
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