O TEU CORPO EM CINESIA
Os versos que te faço nesta noite que não finda
São de afeto, que muito quieto, aqui te espreitando
Chego à porta, e sem bater vou adentrando
Pois já vieste aos meus braços, abertos desde Olinda.
A ti quero causar encantamento, não só neste momento.
As trevas há muito escureceram, que nem vi, o dia
Que me atrevo a sem ti, por teimosia, viver em minha poesia
Mas se chegas de mansinho, e ao vento dás, um só beijo
Que nos lábios meus, tateias como a luz que de teu corpo emana
Não te posso nem tocar, nem solfejar; e teu corpo nesta cinesia
Uma flauta, oboé ou clarinete, tua pele faz-se harpa num arpejo.
Encontrar a sintonia que carece, pra sentir e ouvir a melodia
Que dos anjos se escuta, e deste barco, as janelas que só bebem maresia,
Aqui moras inteira, neste mar, aquela lua, e em minha companhia.
Alberto Valença Lima
Enviado por Alberto Valença Lima em 20/05/2014