O que são RIMAS?
Segundo o site
Lusofonia poética, "rima é a consonância de palavras ou sílabas dando ao ouvido uma impressão agradável."
Rimas são, de acordo com o site
Conceito de, "a repetição de uma sequência de sons a partir da vogal da última sílaba tónica do verso."
A rima é um recurso de estilo muito utilizado pelos poetas e músicos, para dar maior sonoridade e rítimo aos versos de uma poesia. E, é claro também, à música. Uma poesia sem rimas, fica muitas vezes sem graça, embora na modernidade esteja muito em voga tal prática.
Ainda segundo o último site citado, se "a repetição inclui todos os fonemas a partir desse limite, trata-se de uma rima consonântica (também se diz rima consoante). Por sua vez, se a repetição apenas se verificar com as vogais a partir desse limite, estaremos perante uma rima vocálica (ou rima toante/assoante)."
Exemplos de rimas:
Eu … (Florbela Espanca)
Eu sou a que no mundo anda perd
ida,
Eu sou a que na vida não tem n
orte,
Sou a irmã do Sonho,e desta s
orte
Sou a crucificada … a dolor
ida …
Sombra de névoa tênue e esvaec
ida,
E que o destino amargo, triste e f
orte,
Impele brutalmente para a m
orte!
Alma de luto sempre incompreend
ida!…
Sou aquela que passa e ninguém v
ê…
Sou a que chamam triste sem o s
er…
Sou a que chora sem saber porqu
ê…
Sou talvez a visão que Alguém sonh
ou,
Alguém que veio ao mundo pra me v
er,
E que nunca na vida me encontr
ou!
Posição no versoExterna - Quando a rima aparece ao final do verso. É o tipo mais comum de rima.
"Que esperais, esperança? Desesp
ero.
Quem disso a causa foi? Uma mud
ança.
Vós, vida, como estais? Sem esper
ança.
Que dizeis, coração? Que muito qu
ero."
(Soneto XLIV de Luiz Vaz de Camões in Obras de Luiz de Camões vol. II, 1861 pelo Visconde de Juromenha)
Interna - Quando a semelhança fonética aparece no interior do verso.
"Anjo sem pátria, fada err
ante,
Perto ou dist
ante que de mim tu vás,
Há de seguir-te uma saudade inf
inda,
Hebreia l
inda, que dormindo está."
(Tomás Ribeiro)
Posição na estrofeCruzada ou alternada: O primeiro verso rima com o terceiro, e o segundo com o quarto.
"Minha desgraça, não, não é ser po
eta,
Nem na terra de amor não ter um
eco,
É meu anjo de Deus, o meu plan
eta
Tratar-me como trata-se um bon
eco"
Extraído do poema "Minha desgraça" de Álvares de Azevedo.
No segundo verso do poema de Azevedo acima, o poeta usa uma rima defeituosa, mal feita, sem perfeição, uma vez que na palavra poeta, a sílaba ETA tem som aberto e, na palavra planeta, esta sílaba tem som fechado. Logo, não há sonoridade. Apenas em grafia as palavras rimam mas elas não tem o mesmo som. Então, a rima fica defeituosa.
Interpolada ou intercalada:
Frequentemente usada em sonetos, o primeiro verso rima com o quarto, e o segundo com o terceiro .
Nossas horas só terão sempre muito amor.
A saudade que mansinha chega e faz sofrer,
E na nossa porta, por vezes, sei que vai bater,
Logo vai se calar transformando-se em flor.
(Extraído do poema "Soneto do amor meu" do poeta Alberto Valença Lima)
Emparelhada:
O primeiro verso rima com o segundo, e o terceiro com o quarto .
"Aos que me dão lugar no b
onde
e que conheço não sei de
onde,
aos que me dizem terno ad
eus
sem que lhes saiba os nomes s
eus."
Extraído do poema "Obrigado" de Carlos Drumond de Andrade.
Encadeada ou internas:
Quando rimam palavras que estão no fim do verso e no interior do verso seguinte: É considerada por muitos
a rima mais rica e mais difícil, dando ao poema muita sonoridade e ritmo.
"Salve Bandeira do Brasil quer
ida
Toda tec
ida de esperança e l
uz
Pálio sagrado sobre o qual palp
ita
A alma bend
ita do país da Cr
uz"
Extraído do poema "Salve Bandeira" do poeta Dom Aquino (Francisco de Aquino Corrêa). Misturadas:
Não tem ordem determinada entre as rimas.
A chuva chove (Cecília Meireles)
"A chuva chove mansamente em resende ... como um sono
Que tranquilize, pacifique, resserene...
A chuva chove mansamente... Que abandono!
A chuva é a música de um poema de Verlaine...
E vem-me o sonho de uma véspera solene,
Em certo paço, já sem data e já sem dono...
Véspera triste como a noite, que envenene
...Num velho paço, muito longe, em terra estranha,
Com muita névoa pelos ombros da montanha...
Paço de imensos corredores espectrais,
Onde murmurem, velhos órgãos, árias mortas,
Enquanto o vento, estrepitando pelas portas,
Revira in-fólios, cancioneiros e missais."
Versos brancos ou soltos:
São os versos que não tem rima
"A rosa com cirrose
A anti-rosa atômica
Sem cor sem perfume
Sem rosa sem nada"
Extraído do poema "A rosa de Hiroshima do poeta Vinícius de Moraes.
Categoria gramaticalAgudas ou masculinas:
Quando a rima acontece entre palavras oxítonas ou monossilábicas.
Exemplo: Valor/Amor, és/viés
Graves ou femininas:
Quando a rima acontece entre palavras paroxítonas.
Exemplo: Santa/planta, mala/sala, toque/choque.
Esdrúxulas:
Quando a rima acontece entre palavras proparoxítonas.
Exemplo: Mágico/Trágico, Fábula/tábula.
SonoridadePerfeitas (consoantes, soantes, totais):
Há uma perfeita identidade dos sons finais, assim como uma semelhança entre as últimas vogais e consoantes.
Exemplo: Fada/dourada, rosa/formosa, anil/Brasil.
Imperfeitas (assonantes, toantes, parciais):
Quando, ou há identidade apenas entre as vogais finais, não havendo necessariamente identidade entre os sons finais, ou quando a sonoridade é semelhante, mas a grafia das palavras é diferente.
Exemplo: Estrela/vela, vertigem/virgem, mais/faz, seis/fez, boca/foca, viu/funil.
ValoresPobres:
Quando a rima acontece entre palavras da mesma classe gramatical.
Exemplo: Falar/amar, o calor/o sabor, bonito/bendito.
Ricas:
Quando a rima acontece entre palavras de classes gramaticais diferentes.
Exemplo: Cantando/bando, mar/navegar, vagos/lagos e quem/tem
Raras:
Quando a rima acontece entre palavras de difícil combinação melódica.
Exemplo: Cisne/tisne.
Preciosas:
Rimas entre verbos na forma verbo-pronome com outras palavras.
Exemplo: Estrela/tê-la, Tranquilo/segui-lo, Amar/Aramar.
Rimas alternadas intercaladas com versos brancos:
Cantigas de portugueses
(Fernando Pessoa)
"Cantigas de portugueses
São como barcos no mar
Vão de uma alma para outra
Com riscos de naufragar."
No poema de Fernando Pessoa acima, vemos o verso branco inicial seguido por dois versos com rimas alternadas, intercalada com outro verso branco.
Observação - Verso branco é a denominação para verso sem rima.
Referências:
"Lusofonia poética" disponível em http://www.lusofoniapoetica.com/artigos/teoria-poetica/rima.html e consultado em 10/02/2018.
"Conceito de" disponível em https://conceito.de/rima e consultado em 10/08/2017.